Velejo com todos os ventos.

Dentro e fora das "aspas".

Abstrair.

Ordem do dia de hoje...

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Rezar, confiar, e esperar.

Terminei de ler "Um Amor de Verdade" da Zíbia Gasparetto. Comecei sexta passada, e terminei no domingo. Por isso minha ausência. Dizem que na teoria tudo é mais fácil, e complicado é na prática. Fato. Tenho sido uma leitora voraz, e por hábito, destaco pontos interessantes ou que, neste 'meu momento' são os destacáveis. Lembrei-me muito de duas amigas minhas que, sempre dizem: "reze, confie...". Seguem algumas passagens...

"[...] A vida tem meios de cuidar de tudo melhor do que nós. [...]" Pag. 148 (O que Deus quer, e não o que nós queremos. Ele sabe o melhor.)

"É preciso ter paciência. O tempo dissolve todas as mágoas e o amadurecimento renova as idéias." (Paciência...)

"Libertar para seguir outro caminho." (Deixar seguir. É difííííííícil...)

"Rezar, confiar, e esperar." Pag. 231 (Sempre.)

"Lúcia: Por mais que nosso amor seja verdadeiro, sei que um dia a vida vai nos separar de uma forma ou de outra. Neste mundo, cada pessoa tem seu destino e não sei para onde a vida nos levará. Um dia ele pode preferir outros caminhos, ter outras aspirações e eu não vou impedir. É por isso que prefiro viver o presente, ser feliz enquanto puder.

Nina: Minha mãe costuma dizer que as pessoas se unem e se afastam conforme os ciclos naturais da vida. Que quando o tempo de ficar juntos acabou, nada nem ninguém conseguirá impedir a separação. A causa não importa. Tanto faz que seja por morte ou não.

Lúcia: Concordo com ela. Por mais que amemos uma pessoa, é preciso saber reconhecer o momento de deixar ir, de desapegar.

Nina: Isso é difícil.

Lúcia: Mas necessário. O amor verdadeiro deixa a pessoa livre para seguir o próprio caminho. [...] Descobri também que, quanto mais livre você deixar a pessoa que você ama, mais ela sentirá prazer em ficar ao seu lado." Pag. 300; 301. (Verdade)

"Ela sentia que precisava lidar com o apego." Pag. 301 (Sem dúvidas...)

"A vida une as pessoas por certo tempo para atingir seus objetivos. Quando consegue o que quer, provoca naturalmente as mudanças. Os relacionamentos são temporários. Quando acabam, dói, mas apesar disso é melhor aceitar, perceber que é hora de deixar ir." Pag. 314 (Mega difícil!)

"O acaso não existe." Pag. 317 (????)

"Durante a nossa vida vamos adotando crenças falsas, que nos parecem verdadeiras, sem ir a fundo e verificar se elas são o que parecem. Fazemos delas regras que adotamos no dia-a-dia, brigamos por ela sem perceber que estão nos levando a atrair a infelicidade. Se alguém tenta provar que são falsas, ficamos irritados, não queremos ver. (As pessoas têm algumas crenças que as fazem agir de uma forma desagradável, que acaba sempre, lhes criando problemas. Mas elas se negam a ver). Nesse caso, a vida coloca em nossa frente situações, pessoas, que com suas atitudes possam nos fazer perceber nossos próprios enganos. Quando nos irritamos com as pessoas porque elas têm determinadas atitudes que nos incomodam, é porque somos iguais. Se ainda assim a pessoa não conseguir ver, então começam a aparecer situações mais graves, problemas maiores, até que, pressionada pelo sofrimento, ela enxergue o que precisava ver." Pag. 317 (O famoso aprender pela dor ao invés do amor...)

"Quem perdoa recebe mais graça do que quem é perdoado." Pag. 378 (Fato.) (Não perdoem só pra ganhar, viu?!)

"Ninguém pode garantir nada. Não sabemos o que nos reserva o amanhã. Quem garante que você também não vai mudar e pensar diferente do que pensa hoje?" Pag. 388 (Eh vero...)

"Um amor que vencera todas as barreiras e se mostrara mais forte do que tudo." Pag. 409 (Desejo unânime!)

A gente sabe de tudo isso, mas não-consegue-por-mania-ou-teima-ou-burrice pensar-ser diferente... Que seja um dia após o outro e que possamos amanhã, ser melhor do que fomos hoje... Eu tento. Juro que eu tento.

Balada de Agosto, para o mês de Agosto.

Lá fora a chuva desaba e aqui no meu rosto
Cinzas de agosto e na mesa o vinho derramado
Tanto orgulho que não meço
O remorso das palavras
Que não digo
Mesmo na luz não há quem possa
Se esconder no escuro
Duro caminho o vento a voz da tempestade
No filme ou na novela
É o disfarce que revela o bandido
Meu coração vive cheio de amor e deserto
Perto de ti dança a minha alma desarmada
Nada peço ao sol que brilha
Se o mar é uma armadilha
Nos teus olhos

- Zeca Baleiro & Raimundo Fagner

Chico: o grande 'desconhecedor' da mulher.

“É sempre um grande mistério a alma feminina. Eu tenho uma grande curiosidade com relação à mulher, como ela pensa, como ela age. Eu sou um espectador, um vouyer, um vedor de mulher. Gosto de ver como elas se movem, como elas raciocinam, como elas reagem diante das coisas. É sempre uma surpresa pra mim. Não acaba. Conversa não resolve nada, você fala, fala, fala, mas há coisas que permanecem numa zona de mistério. Eu me considero um grande desconhecedor da alma feminina. Ao contrário do que se fala, virou um lugar-comum por causa das canções e tal… Mas eu sou um sujeito muito curioso exatamente por desconhecer, por querer saber, querer entender e não entender nunca. (...) um amigo que faça uma coisa terrível, você rompe com ele pra sempre; uma mulher que faça, você releva um pouquinho, porque há ali algum motivo de mulher, que talvez você não entenda. Bom, isso se deveu mais a um motivo feminino, essa coisa que aconteceu, essa coisa que ela falou, essa coisa que ela fez... deve ter alguma coisa por trás.

- Chico Buarque

Ahhh Chico...


* Vídeo em que Chico fala da mulher.

Terapia. Ai ai...


"(...) Tá, analista dos infernos, eu entendi. Mas você erra quando acha que alguém resolve um amor. O amor é que, se tivermos coragem pra deixar, resolve aos poucos a gente."

- Tati Bernardi

A maior solidão.

“A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedra do alto de sua fria e desolada torre”.

Livro de Sonetos

- Vinícius de Moraes

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Ouvir e entender estrelas...

Via Lactea (Soneto XIII)

Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto

E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? "

E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

- Olavo Bilac


Home Sweet Home...

Vai dizer que você não diz isso? Eu não digo! Mentirinha... rs


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Not a Toy.


"Na minha memória, tão congestionada e no meu coração tão cheio de marcas e poços você ocupa um dos lugares mais bonitos".

- Caio Fernando Abreu

Este Tango es para vos. ¡¿ Qué Tal ?!

Hay milonga de amor
hay temblor de gotán
este tango es para vos
Hay milonga de amor
hay temblor de gotán
Hay milonga de amor
Este tango es para vos
Hay milonga de amor
hay temblor de gotán
este tango es para vos

'Santa Maria (Del Buen Ayre)'

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A música é a sobremesa da vida! (Desconhecido)

Alguém - conhecido, claro - me leva pra Argentina pleeeeeeeeeeease! Euprecisoirpralá! rs Na primeira oportunidade, pego o primeiro vôo rumo a Buenos Aires!... Questão de honra! Há dois anos falo disso, e só ouço tango em casa... Affe. Alguém ainda pode pensar com ar de desdém... "Nooossa! Mas Argentina?" Sim! Argentina! Com direito a passeio Buenos Aires-Montevidéo via Buquebus, Obelisco, Casa Rosada, Av. Nove de Julio, estádio La Bombonera, tango na rua (claro!) e ahh! muito, muito vinho argentino! Saúde!

Tangos maravilhosos! >>> Clássicos como Gardel, e/ou Gottan Project, Bajofondo e Otros Aires com tango eletrônico. Supimpa! =D

Outros destinos em outros posts... Uhuuuu! rs

Então... Se for para Buenos Aires... Boníssimos ares... Me chama! Me leeeevaaaaaaaa!

Eeeeeeeeeeebbbbbaaaaaaaaaaa!

Ahh! E caso não tenham ouvido, ouçam essa música - se puder e quiser, claro - é lindaaa! Logo, lembrarão do Richard Gere dançando em 'Dança Comigo'! Uuuuiiii! rs

Foto by Rodrigo Cerqueira! =P

Qual o nosso maior inimigo?


"Eu sempre estive entre aspas. Ficar triste é um sentimento tão legitimo quanto a alegria.

Reclamar do tédio é fácil, difícil é levantar da cadeira pra fazer alguma coisa que nunca foi feita. Queria não me sentir tão responsável pelo que acontece em meu redor.

Felicidade é a combinação de sorte com escolhas bem feitas. Pessoas com vidas interessantes, interessam-se por gente que é o oposto delas. Emoção nenhuma é banal se for autêntica.

Dar certo não está relacionado ao ponto de chegada, mas ao durante.

O prazer está na invenção da própria alegria, porque é do erro que surgem novas soluções, os desacertos nos movimentam, nos humanizam, nos aproximam dos outros. Enquanto o sujeito nota 10, nem consegue olhar pro lado, sobe pena de ver seu mundo cair.

O mundo já caiu baby, só nos resta dançar sobre os destroços.

Nosso maior inimigo é a falta de humor."

- Martha Medeiros

Ria! Sorria! Cante! Alegre-se! Seja um palhaço se for preciso...


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Sobre a Cegueira.

Penso que estamos cegos, cegos que vêem, cegos que, vendo, não vêem.

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.


Ensaio Sobre A Cegueira

- José Saramago

Existe sempre uma coisa Ausente.

"Paris — Toda vez que chego a Paris tenho um ritual particular. Depois de dormir algumas horas, dou uma espanada no rodenirterceiromundista e vou até Notre-Dame. Acendo vela, rezo, fico olhando a catedral imensa no coração do Ocidente. Sempre penso em Joana d’Arc, heroína dos meus remotos 12 anos; no caminho de Santiago de Compostela, do qual Notre-Dame é o ponto de partida — e em minha mãe, professora de História que, entre tantas coisas mais, me ensinou essa paixão pelo mundo e pelo tempo.

Sempre acontecem coisas quando vou a Notre-Dame. Certa vez, encontrei um conhecido de Porto Alegre que não via pelo menos há 2o anos. Outra, chegando de uma temporada penosa numa Londres congelada e aterrorizada por bombas do IRA, na época da Guerra do Golfo, tropecei numa greve de fome de curdos no jardim em frente. Na mais bonita dessas vezes, eu estava tristíssimo. Há meses não havia sol, ninguém mandava notícias de lugar algum, o dinheiro estava no fim, pessoas que eu considerava amigas tinham sido cruéis e desonestas. Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo — nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver “como um danado”, feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.

Enrolado num capotão da Segunda Guerra, naquela tarde em Notre-Dame rezei, acendi vela, pensei coisas do passado, da fantasia e memória, depois saí a caminhar. Parei numa vitrina cheia de obras do conde Saint-Germain, me perdi pelos bulevares da le dela Cité. Então sentei num banco do Quai de Bourbon, de costas para o Sena, acendi um cigarro e olhei para a casa em frente, no outro lado da rua. Na fachada estragada pelo tempo lia-se numa placa:

“II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente”

("Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta")

— frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia a placa, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.

Fazia frio, garoava fino sobre o Sena, daquelas garoas tão finas que mal chegam a molhar um cigarro. Copiei a frase numa agenda. E seja lá o que possa significar “ficar bem” dentro desse desconforto inseparável da condição, naquele momento justo e breve — fiquei bem. Tomei um Calvados, entrei numa galeria para ver os desenhos de Egon Schiele enquanto a frase de Camille assentava aos poucos na cabeça. Que algo sempre nos falta — o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta.

Como a vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vezenquando só vai ser arrematado lá na frente.Três anos depois fui parar em Saint-Nazaire, cidadezinha no estuário do rio Loire, fronteira sul da Bretanha. Lá, escrevi uma novela chamada Bem longe de Marienbad, homenagem mais à canção de Barbara que ao filme de Resnais. Uma tarde saí a caminhar procurando na mente uma epígrafe para o texto. Por “acaso”, fui dar na frente de um centro cultural chamado (oh!) Camille Claudel. Lembrei da agenda antiga, fui remexer papéis. E lá estava aquela frase que eu nem lembrava mais e era, sim, a epígrafe e síntese (quem sabe epitáfio, um dia) não só daquele texto, mas de todos os outros que escrevi até hoje. E do que não escrevi, mas vivi e vivo e viverei.

Pego o metrô, vou conferir. Continua lá, a placa na fachada da casa número 1 do Quai de Bourbon, no mesmo lugar. Quando um dia você vier a Paris, procure. E se não vier, para seu próprio bem...

...guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta.

Guarde sem dor, embora doa, e em segredo."


O Estado de S. Paulo, 3/4/1994

- Caio Fernando Abreu

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Tatuagens.

(Crônica de Ana Laura Nahas, publicada em A Gazeta, datada de 24 de maio de 2010).

Me dizem que é preciso coragem para ter uma tatuagem; imagem, palavra, marca, um troço eterno enquanto dure o corpo, uma frase inteiraque num momento faz sentido, mas no outro vai saber, um desenho feito à mão numa tarde como aquela todas as tardes seguintes, a canção que agora emociona, mas ano que vem vai saber.

Respondo que sim, verdade, precisa coragem (e um pouco de resistência à dor),– fato! – porque quanto mais definitiva são as escolhas maior seu peso, seu medo, seus ais, ainda mais nestes tempos de aversão ao risco e apego à segurança, de conceitos antigos, nós difíceis de desatar, lembranças que não desmancham, manias velhas, mundo torto.

Mas – emendo – todas as escolhas são de alguma maneira definitivas, deixam marcas, mesmo as menores: desligar a TV a cabo porque já não há mais quintas de “Men in Trees” nem domingos de “Mesa Redonda”, ouvir “Carolina na Janela” no rádio do carro para chegar feliz no trabalho, comer saudável ou caprichar na batata frita, fazer promessa para Santo Expedito ou esquecer aquela causa urgente (e um pouco ridícula), escolher o roquezinho do Vitor Paiva para embalar um sábado um tanto estranho, telefonar para dizer disso, ou silêncio.

“Saudade, me largue agora

Me deixa ir embora daqui

Eu sei, você me adora

Mas larga a minha mão

Que eu vou

E não vou mais voltar”

Escolhas nos fazem esquecer rostos, levantar copos, estragar corpos, largar amores para trás mesmo quando ainda são amores, apagar nomes, deixar os filmes passarem, as músicas tocarem, os retratos sumirem, o relógio engolir as tarefas enquanto uma história de personagens contraditórios toma todo o pensamento, e o final feliz parece cada vez mais distante.

Escolhas são inevitáveis, às vezes injustas e inconseqüentes, às vezes pensadas, às vezes acertadas, às vezes nem uma coisa nem as outras. À sua maneira, são definitivas, como (guardadas as devidas proporções) uma flor tatuada na canela, uma estrela grudada no pescoço, um dragão marcado no meio das costas. Porque – alguém já disse (um filósofo, acho) ninguém ama duas vezes o mesmo amor, ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho, ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. No momento seguinte, nem sonho nem amor nem pessoa nem rio são os mesmos de antes. São outros.

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Amanhã uma amiga vai terminar a tatoo que começou há umas duas semanas. Rosas. Confesso que entro no estúdio e a vontade é fazer outra! *.* (Fez a primeira, pronto! Vem a vontade da segunda - tenho estrelas no pescoço). Então... Coming soon! (Nas costas!) =P [Ahhhh! Dói? Naaaaada! Arde e queima ao mesmo tempo! É preciso sim, de coragem e um pouco de resistência à dor. Mas ahhh... Seu eu que sou fraca pra biomédicas fiz, você também faz! Só pense direito nessa marquinha. É pra sempre...].